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Professora de História Aposentada 30 anos de atividade em sala de aula.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MINIMAMENTE FELIZ


Minimamente Feliz

Leila Ferreira



A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em "Paris" e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.
Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro "volta" a fechar ("ufa!") ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.




Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular:
'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.

Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou "em casa assustado", ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'.
Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido?
Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
"Como" tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos.
E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.

Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente
em compasso de espera.





terça-feira, 25 de outubro de 2011

PROFESSORES E SAÚDE

ensinoregular.blogspot.comet al., 2003). Os dados do Ministério da Educação, já em 2004, esclarecem que,et al. (2003, p. 106) resumem sete
remunerado da jornada de trabalho (Teixeira, 2001; Barreto e Leher, 2003; Oliveira,
2003).
É pertinente defender que o sistema escolar transfere ao profissional a responsabilidade
de cobrir as lacunas existentes na instituição, a qual estabelece mecanismos rígidos e
redundantes de avaliação e contrata um efetivo insuficiente, entre outros. A título de
exemplo, em 2002, o IV Congresso Nacional de Educação registrou o déficit nacional de
professores em educação básica no Brasil, pois eram necessários mais 836 731 para a
educação infantil, 167 706 para o ensino fundamental e 215 mil para o ensino médio
(Souza
somente no ensino médio, faltam na rede, para citar apenas um dos casos de
insuficiência de efetivo, 23,5 mil professores de física (MEC/INEP, 2004).
Como obter sucesso nos objetivos estabelecidos para o ensino num período de pouca
oferta de vagas, com salas de aula repletas de crianças e adolescentes? Quais seriam os
efeitos para o professor, se, no espaço da produção do ensino, não lhe são garantidas as
condições adequadas para atingir as metas que orientam as reformas educacionais
recentes? Sob essas condições, o único elemento de ajuste é o trabalhador, que, com
seus investimentos pessoais, procura auxiliar o aluno carente comprando material escolar
e restringindo o seu tempo supostamente livre para criar estratégias pedagógicas que
compensem a ausência de laboratórios, de salas de informática e de bibliotecas
minimamente estruturadas (Noronha, 2001).
Na última década, o trabalho docente tornou-se, por demanda do sindicalismo, tema de
vários estudos e de investigações, incentivando a formação de grupos e de redes de
pesquisadores organizados para esse fim. Souza
projetos de pesquisa com resultados consistentes e abrangentes que dão visibilidade, nos
anos de 1990, às precárias condições do trabalho docente e mostram sua associação com
sintomas mórbidos e a elevada prevalência de afastamentos por motivos de doença na
categoria.
As condições de trabalho, ou seja, as circunstâncias sob as quais os docentes mobilizam
as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para atingir os objetivos da produção
escolar podem gerar sobreesforço ou hipersolicitação de suas funções psicofisiológicas.
Se não há tempo para a recuperação, são desencadeados ou precipitados os sintomas
clínicos que explicariam os índices de afastamento do trabalho por transtornos mentais.,